DROGAS SINTÉTICAS

Captagon: a droga que ameaça o Golfo Pérsico

Como outros estimulantes, o captagon inibe a dor e a sensação de medo (Foto: Flickr/Guian Bolisay)

O captagon, fabricado à base de anfetaminas, é uma das drogas mais consumidas no Oriente Médio. Em julho, guardas de fronteira da Arábia Saudita prenderam um sudanês vindo da Jordânia, que tentava entrar no país com uma carga de mais de meio milhão de comprimidos de captagon nas costas de um camelo. O captagon (fenetilina) foi fabricado para o tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Como outros estimulantes, inibe a dor e a sensação de medo, provoca um estado de euforia e reduz o apetite. Em 1981, os Estados Unidos proibiram sua venda. Logo, outros países seguiram seu exemplo.

O mercado no Oriente Médio é enorme. De acordo com o último Relatório Mundial sobre Drogas da ONU, em 2015, as autoridades sauditas apreenderam mais de 11 toneladas de estimulantes do grupo da anfetamina (ATS), inclusive ecstasy. Essa quantidade foi menor do que em 2014, mas ainda representa quase um terço do consumo de anfetaminas nos EUA, com uma população dez vezes maior.

Em outros lugares da região do Golfo Pérsico, a demanda está aumentando. Em março, o diretor-geral do Departamento Antinarcóticos dos Emirados Árabes Unidos, coronel Saeed al-Suwaidi, disse que os agentes de combate ao narcotráfico tinham apreendido uma quantidade quase quatro vezes maior de comprimidos de captagon e de metanfetamina no ano passado.

É difícil descobrir a origem das drogas sintéticas. Devastada pela guerra a Síria transformou-se em uma importante fonte. Mas uma pesquisa realizada em 2015 pelo Instituto para Estudos do Oriente Médio da Universidade George Washington revelou que o Hezbollah, uma organização política e paramilitar apoiada pelo Irã, era o único grupo envolvido sistematicamente na produção da droga.

O Alcorão proíbe o consumo de drogas. Então, por que o captagon se tornou tão popular em alguns países do Oriente Médio? Os usuários incluem frequentadores de festas, pessoas que tomam a droga para diminuir o apetite, estudantes e motoristas de caminhão e de táxi que querem ficar acordados por mais tempo. Justin Thomas, professor de psicologia na Universidade de Zayed em Abu Dhabi, disse que muitos usuários acreditam, ou fingem acreditar, que é um medicamento e, assim, não se sentem culpados em fazer algo proibido pelo Alcorão.
The Economist

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