'INIMIGO DO GOVERNO'- Hungria faz campanha contra George Soros por ‘incentivar imigração’

Campanha recebeu várias críticas internacionais (Foto: jta.org)

O investidor húngaro George Soros está sendo alvo de uma campanha contra ele promovida pelo governo de seu próprio país.

Nos últimos dias, o governo da Hungria espalhou por vários pontos do país milhares de outdoors com uma foto de Soros acompanhada da frase ”Não deixe Soros rir por último – 99% rejeitam a imigração ilegal”.

A campanha contra Soros remete ao impasse entre a Hungria e a União Europeia (UE) em relação à imigração. No mês passado, a UE anunciou que vai à Justiça contra a Hungria por conta de uma lei aprovada pelo governo que restringe a atuação de ONGs que recebem financiamento estrangeiro e atuam no país.

A lei determina que todas as ONGs que recebem mais de € 24 mil por ano (R$ 88 mil) de financiamento estrangeiro devem se registrar como “organização patrocinada por entidade estrangeira”. Esse título deve ser usado em todas as suas apresentações.

A lei afeta todas as ONGs de Soros, por isso o motivo de o investidor se tornar a imagem da campanha. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Zoltan Kovacs, porta-voz do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, disse que Soros “incita a imigração ilegal” e representa “uma ameaça à segurança nacional”.

“As intenções de Soros são contra a lei húngara. Ele incita a imigração ilegal ao sugerir que milhões de pessoas deveriam ser trazidas para a Europa. Os planos e intenções dele viraram ameaça à segurança nacional, e o governo precisa lidar com isso”, disse Kovacs.

A campanha foi acusada de ser antissemita, uma vez que Soros é judeu. Kovacs rebateu a acusação. “Nunca abordamos a religião dele, apenas o que ele pretende fazer”.

O porta-voz defendeu a abordagem da Hungria em relação a imigrantes e refugiados. O governo de Orban se recusa a fazer parte do plano de cotas da UE para acolher refugiados e, em 2015, construiu uma cerca na fronteira com a Sérvia.

“A cerca tem sido muito eficiente, reduziu significativamente o número de pessoas entrando ilegalmente, e não temos uma opção melhor no momento para lidar com o que está acontecendo”, disse Kovacs.

Segundo o porta-voz, dezenas de pessoas tentam cruzar o país todos os dias para chegar à Europa, e se não fosse a cerca haveria uma repetição do que ocorreu em 2015, quando 400 mil imigrantes passaram pela Hungria. Kovacs ressalta que a população apoia a iniciativa do governo.

“Os húngaros viram centenas de milhares de pessoas cruzando o país nos últimos dois anos e isso levou a experiências negativas porque, além de tudo, são pessoas de culturas diferentes da europeia. Não que os húngaros sejam xenófobos, mas essas pessoas simplesmente mudaram a rotina deles, e por isso há uma vasta maioria que apoia o que estamos fazendo na fronteira. […] Sabemos que não é uma crise de refugiados, pois 95% dos que estão vindo são migrantes econômicos. Eles não vêm porque são perseguidos, mas porque querem uma vida melhor”, disse Kovacs, ressaltando que a Europa precisa preservar sua identidade e sua cultura.

A campanha termina esta semana, mas Kovacs nega que tenha sido por conta das críticas internacionais. “Não suspendemos nada, a campanha acabaria neste final de semana de qualquer jeito”.

George Soros responde

O porta-voz de Soros, Michael Vachon afirmou que a campanha remete “aos tempos mais sombrios da Europa”.

Posteriormente, o investidor emitiu uma nota sobre o assunto. “Fico perturbado pelo uso do atual governo húngaro de imagens antissemitas como parte de sua campanha deliberada de desinformação”, disse Soros.FOLHA

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