CULTURA EGITO

Muçulmanos no Egito tentam preservar herança judaica

O grupo tem planos de transformar outros templos israelitas em centros culturais (Foto: Pixabay)

Em alguns anos, uma das mais antigas comunidades judaicas do mundo desaparecerá. Hoje, a comunidade judaica no Egito está reduzida a apenas 20 pessoas, em comparação com pelo menos 80 mil judeus antes da Segunda Guerra Mundial. Seis judeus vivem no Cairo, sendo que quatro em casas de repouso para idosos. Mas Magda Haroun, uma senhora alegre e ativa de 65 anos, quer manter suas lembranças vivas. Com essa ideia em mente, ela criou a associação Drop of Milk dedicada a preservar a herança judaica do Egito. Dos 20 membros da associação, a Sra. Haroun é a única judia.

Alguns membros têm pais judeus que se converteram ao islamismo para não serem expulsos por Gamal Abdel Nasser, o ex-ditador egípcio que defendeu o nacionalismo árabe. Outros são casados ​​com judeus. Mas a maioria quer preservar o passado pluralista do Egito. “Estamos reabrindo uma página da história que foi excluída dos livros didáticos”, disse Amir Ramsis, que dirigiu um documentário sobre a vida dos judeus no Egito.

As 12 sinagogas no Cairo estão em mau estado de conservação. O grupo Drop of Milk reúne-se na sinagoga Sha’ar Hashamayim e tem planos de transformar outros templos israelitas em centros culturais. Os membros falam de um “renascimento” da cultura judaica. Duas vezes por semana eles se reúnem com o objetivo de aprender hebraico, para que possam catalogar os 20 mil livros guardados no porão da Sha’ar Hashamayim. Eles querem fazer uma exposição sobre a história dos judeus no Egito na sinagoga e proteger outros lugares históricos, como o cemitério judeu no Cairo.

Alguns egípcios não compartilham o entusiasmo do grupo pela preservação da cultura judaica. O Egito lutou quatro guerras contra Israel. Mesmo os judeus que lutaram ao lado dos egípcios contra o colonialismo britânico foram expulsos do país. A comunidade judaica dos EUA acha que a herança egípcia seria mais bem protegida fora do país.

Mas desde a revolução em 2011, que culminou com a renúncia do presidente Hosni Mubarak no poder há 30 anos, os novos governantes do Egito aproximaram-se da comunidade judaica. Em 2012, um líder da Irmandade Muçulmana, o poder dirigente do país na época, rompeu um tabu ao pedir aos judeus expulsos que retornassem ao país. Em agosto, o Ministério das Antiguidades começou a trabalhar em um projeto com um custo de US$6 milhões para restaurar o telhado da sinagoga de Alexandria.

Alguns veem os movimentos de aproximação do governo egípcio com a comunidade judaica como uma tentativa de conquistar a simpatia dos governos ocidentais. Outros alegam que é uma forma de preservar a cultura e a religião de alguns poucos judeus que ainda vivem no Egito. Ou talvez seja o resultado de quatro décadas de paz com Israel, que aproximou os egípcios da comunidade judaica. Mas é provável que o trabalho da Drop of Milk venha a ser uma importante reconstituição da relação dos judeus com o Egito que remonta aos tempos bíblicos.The Economist

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A surpreendente cratera de Xico

Por que não enxergamos estrelas verdes ou roxas?

Egípcia posa nua em blog e provoca indignação