EUROPA ITÁLIA

Por que a Itália não sofre ataques terroristas?

Itália foi o destino de 82% dos migrantes que entraram ilegalmente na Europa (Foto: Breitbart)

Na imagem, vê-se um rapaz de costas, com uma faca grande na mão. Ao lado, está escrita em letras maiúsculas brancas, a frase: “Devi combartelli” (“É preciso combatê-los”). A fotomontagem, que circulou no fim de agosto no Telegram, o aplicativo de mensagens preferido do Estado Islâmico (Isis), é uma tentativa de convocar “lobos solitários” para fazer atentados terroristas na Itália. A imagem foi reproduzida pelo Site Intelligence Group, dias após a divulgação de um vídeo em que guerrilheiros filipinos ligados ao Isis saqueavam uma igreja e rasgavam uma foto do Papa Francisco.

“Você. Kafir (Infiel). Lembre-se disto”, dizia uma figura mascarada, gesticulando com o dedo para a câmera. “Aguardem nossa chegada a Roma, inshallah.” A ameaça, feita a 10 mil km de distância, soava exagerada. No entanto, a atração que um ataque à Itália, a sede do Vaticano, exerce nos jihadistas é incontestável. Por isso, é difícil explicar por que a Itália ainda não foi alvo de atentados como o Reino Unido, França, Alemanha e Espanha. Ainda mais quando se pensa que haveria uma ligação entre a imigração ilegal e o terrorismo. No primeiro semestre de 2017, a Itália foi o destino de 82% dos migrantes que entraram ilegalmente na Europa.

Alguns explicam esse fato com o argumento que as máfias italianas impediram que os jihadistas estabelecessem bases no país. Mas, segundo Arturo Vervelli, do Istituto per gli Studi di Politica Internazionale, com sede em Milão, a influência da máfia é maior no sul da Itália, enquanto a maioria dos muçulmanos vive no norte do país.

“Até certo ponto, foi um trabalho da máfia”, disse uma autoridade policial importante. Mas não no sentido atribuído pela maioria das pessoas. A luta contra grupos criminosos super organizados deu à polícia da Itália uma enorme experiência na vigilância de grupos fechados, sobretudo, na época dos movimentos de esquerda e de direita nas décadas de 1970 e 1980.

Por sua vez, como reconhecem as autoridades policiais italianas, o número de suspeitos que precisam ser vigiados é menor do que na França e no Reino Unido, em razão de muitos terem sido deportados. Além disso, há poucos imigrantes muçulmanos de segunda geração na Itália, mais propensos à radicalização do que no Reino Unido e na França.

Porém, Michele Groppi, professor da Defence Academy do Reino Unido, argumenta que no período em que a Al Qaeda foi a força dominante no terrorismo internacional, o grupo liderado por Osama bin Laden usou a Itália como base logística na Europa e, por isso, o país ficou protegido. Agora, com a ação de jihadistas ligados à Itália, como Youssef Zaghba, um italiano de origem marroquina, um dos três responsáveis pelo atentado terrorista em Londres, em 3 de junho, Groppi teme que a Itália e o Vaticano possam ser alvos importantes de ataques do Isis.The Economist

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