2017- #MeToo

A explosão de denúncias de assédio sexual em 2017

Muitos homens estão espantados com o número de mulheres que já sofreram abusos (Foto: Pixabay)

Numa entrevista de emprego, são feitas as seguintes perguntas: você tem namorado? As pessoas te acham desejável? Você acha importante que mulheres usem sutiã no trabalho? Talvez uma mulher se recusasse a responder, reclamasse ou saísse da sala, já que ela certamente ficaria furiosa. A situação foi apresentada a 197 universitárias americanas e elas disseram que iriam reagir. Mas a teoria se mostrou bem diferente na prática.

As psicólogas Marianne LaFrance e Julie Woodzicka fizeram um experimento, transformando a situação hipotética em um caso real. Cúmplices homens entrevistaram 50 mulheres. Metade foi escolhida aleatoriamente para responder as três perguntas. Nenhuma delas deixou de responder, reclamou ou saiu da sala. Quando elas foram perguntadas depois sobre a entrevista, elas disseram que não sentiram raiva, mas medo.

As pesquisadoras mostraram vídeos de mulheres reagindo ao experimento a estudantes homens de MBA. Muitos não conseguiram perceber que as mulheres estavam dando sorrisos falsos. E chegavam a dizer que elas estavam espantadas ou até flertando. Segundo LaFrance, o homem geralmente não tem vontade de ler corretamente os sinais das mulheres. Mas eles podem aprender a fazer isso. Quando ela ofereceu créditos de aula para os alunos para que eles reconhecessem os sorrisos falsos, ela obteve sucesso.

O experimento ocorreu em 2001, muito antes dos tantos casos que vieram à tona nos últimos anos. Durante a campanha presidencial de Donald Trump, em 2016, um áudio revelou o assédio cometido pelo agora presidente americano. No entanto, sua vitória mostrou que o caso não interferiu no voto de muitos republicanos. O Alabama, por outro lado, rejeitou Roy Moore para o Senado neste mês, depois de ele ser acusado de ter assediado várias mulheres, inclusive uma que tinha 14 anos na época.

Em outubro, foi a vez do produtor Harvey Weinstein ser acusado de assédio e abuso sexual. Desde então vários homens do entretenimento, jornalismo e política estão sendo acusados. A hashtag “#MeToo” (Eu também, em tradução livre) foi usada 4,7 milhões de vezes no Twitter para expor casos que não ficaram famosos. Muitos homens estão espantados com o número de mulheres que já sofreram abusos. Para as mulheres, a surpresa é que alguns agressores estão sendo punidos no final das contas.

Cada mulher que compartilha sua história incentiva mais mulheres a denunciar. Cada agressor que perde seu emprego inspira mais empresas a apurar acusações que tanto ignoram.The Economist

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