MEIO AMBIENTE POLUIÇÃO

Brasil tem 70% das praias urbanas impróprias para o banho

Mesmo praias consideradas próprias para banho podem apresentar riscos (Foto: EBC)

Apenas 30% das praias em áreas urbanas do Brasil são próprias para o banho. A conclusão é de um levantamento feito pelo jornal Folha de São Paulo. A pesquisa avaliou, de janeiro a outubro deste ano, 1.217 praias em 13 estados do litoral brasileiro. Ao todo, 335 praias foram consideradas ruins ou péssimas, sendo 234 (cerca de 70%) em cidades médias ou grandes.

Ou seja, sete em cada dez praias poluídas no Brasil estão em regiões urbanas. Em Salvador, por exemplo, de um total de 36 praias, 27 são consideradas ruins ou péssimas para banho. A concentração da sujeira nas orlas urbanas é resultado de diferentes fatores, como a falta de tratamento de esgoto, deficiência na coleta de resíduos e poluição dos rios.

Entre as 1.217 praias que foram monitoradas ao longo de 2017, 43% estavam boas, 30% regulares e 27% ruins ou péssimas. Em 2016, o índice de praias impróprias estava pior, com 29% nesta situação.

No entanto, mesmo praias consideradas boas ou regulares para banho podem apresentar riscos em determinados momentos, pois a classificação anual, feita semanal e mensalmente com base nos níveis de coliformes, trata-se de uma média. Dessa forma, as praias consideradas péssimas são aquelas que estiveram impróprias em mais de 50% das medições, enquanto as ruins tinham um alto nível de coliformes em 25% a 50% das vezes.

Já as praias que foram consideradas regulares são as que estiveram impróprias em apenas 25% das coletas. As boas são as orlas que não foram consideradas impróprias em nenhuma das vezes.

“No litoral de São Paulo, por exemplo, a qualidade da água da praia reflete a quantidade de pessoas no litoral. Quanto mais gente, mais esgoto”, explicou Cláudia Lamparelli, gerente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

Empresas de saneamento da Bahia e de Santa Catarina apontam as ligações de esgoto clandestinas e o crescimento das cidades, como os principais problemas para a situação ruim das praias. Com isso, é necessário um alto investimento em saneamento, que precisou receber cortes devido à crise econômica nacional.

A qualidade da água da praia também é afetada por aumento de temperaturas, luminosidade e quantidade de chuvas. “Quando chove, a gente já fica esperando um valor mais alto [de coliformes fecais]. A água de escoamento superficial lava tudo que está na cidade e leva para canais e córregos, que terminam no mar”, explicou Lamparelli.

Situação pior no nordeste

Das dez capitais com dados da balneabilidade – capacidade de possibilitar banhos e atividades esportivas em suas águas -, quatro não foram consideradas próprias em todas as medições, sendo elas Fortaleza, no Ceará; Recife, em Pernambuco; São Luís, no Maranhão; e Vitória, no Espírito Santo.

Apenas quatro praias estiveram boas em todas as medições em Salvador, na Bahia, porém, nenhuma delas na região central da cidade, como Barra, Rio Vermelho e Ondina, que têm qualidade ruim. Enquanto isso, no Rio de Janeiro, praias conhecidas mundialmente, que ficam na zona sul da cidade, como Copacabana, Ipanema e Leblon, são regulares.

A praia do Farol da Barra, em Salvador, amanheceu, no último domingo, 17, com um córrego de água esverdeada na areia da orla, sendo considerada imprópria para banho pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). Fato esse que não impediu o estudante Erles Vieira, de 22 anos, de frequentar o local. “A praia me pareceu limpa em comparação às que costumo ir em Recife”, disse o jovem.

Mudança de praia

Com as praias da região urbana tendo baixa qualidade, os turistas e moradores das cidades procuram orlas mais afastadas para aproveitar os finais de semana e feriados. Em Salvador, o principal destino é o litoral norte. Enquanto isso, Fortaleza é deixada para trás por Jericoacoara.

Isso porque, das 522 praias consideradas próprias em 100% das coletas ao longo de 2017, e consideradas boas, 369 delas – aproximadamente 70% – estão em cidades com menos de 100 mil habitantes. No entanto, também há exceções, como Bombinhas, em Santa Catarina, que conta com uma população formada por 14 mil pessoas, mas tem trechos da orça impróprios para banho.

Risco de contaminação

O banho em praias impróprias não é indicado, pois aumenta a chance de contaminação por vírus e bactérias, com a doença mais comum sendo a gastroenterite, que provoca enjoo, diarreia, dor de cabeça e febre. Ademais, a água poluída também pode causar infecções nos ouvidos e nos olhos e micoses.Folha de São Paulo

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