SAÚDE FEBRE AMARELA

Febre amarela: por que não vacinar macacos?

O Ministério da Saúde informa que não existe vacina contra a doença licenciada (Foto: Flickr)

O final de 2016 e início de 2017 colocaram a febre amarela de volta aos noticiários, com centenas de pessoas sendo infectadas e mortas pelos vírus da doença. Com isso, as pessoas correram para os postos de saúde atrás da vacina de imunização da doença e dezenas de macacos acabaram morrendo em decorrência da patologia.

Dessa forma, especialistas de diferentes partes do Brasil levantaram uma questão: por que não vacinar os macacos para combater o vírus? Os primatas são hospedeiros dessa doença, e não transmitem diretamente a outros macacos ou humanos. Para que a transmissão ocorra, eles precisam ser picados por um mosquito que, na sequência, transmite o vírus picando uma pessoa.

“Há estudos no país para avaliar a eficiência da vacina em macacos e poderíamos facilmente ajustar a dose para cada uma das espécies que ocorrem em áreas verdes da cidade”, explicou o virologista Edilson Luiz Durigon, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP).

O professor da Faculdade de Medicina da USP Eduardo Massad acrescenta que, atualmente, as pessoas vacinadas já estão protegidas contra o vírus da febre amarela, mas como fica depois de dez anos, quando a vacina deixar de surtir efeito? “Vacinar os macacos cortaria a circulação do vírus por vários anos”.

Em sua versão silvestre, a febre amarela é transmitida pelos mosquitos sabethes e haemagogus, responsáveis por eventuais picadas em humanos que entram na mata. Se uma pessoa portadora do vírus vai à cidade e acaba sendo picada por um mosquito aedes aegypti, pode começar um ciclo urbano da doença (homem-mosquito-homem).

Apesar do questionamento, o Ministério da Saúde informou que não existe vacina contra a doença licenciada para animais no Brasil. No futuro, caso exista, seria preciso fazer diferentes estudos, tanto epidemiológicos, como para validação da vacina, segundo o órgão. Atualmente, o ministério recomenda a vacinação em humanos para 21 estados brasileiros.

A doença conta com sintomas semelhantes em macacos e humanos: febre alta, prostração, anorexia, icterícia danos nos fígados e nos rins, além de hemorragia bucal e intestinal. Em seguida, a patologia pode evoluir para agitação, mudanças metabólicas irreversíveis e coma, podendo levar à morte em até sete dias depois do primeiro sintoma.

Medo irracional

A Sociedade Brasileira de Primatologia informou, em fevereiro deste ano, que os macacos são altamente sensíveis ao vírus. Isso não impediu que os animais fossem agredidos e mortos pela população, principalmente pela falta de informações sobre a transmissão da febre amarela.

A bióloga Juliana Summa, diretora da Divisão de Fauna Silvestre da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, revelou que algumas pessoas que criavam macacos estavam soltando os primatas sem planejamento, com medo do contágio, complicando ainda mais a tarefa de inventariar os animais que habitam os 27 parques municipais, quatro estaduais e 14 áreas verdes paulistanas.

“Não conseguimos estimar o número de saguis, por exemplo, porque temos populações (animais) que vão de quatro a cinco membros até outras com 20 a 30. A gente teria de correr a cidade inteira para fazer a contagem desses animais”, explicou Juliana.BBC

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