EDUCAÇÃO PAQUISTÃO

A reforma escolar no Paquistão

Os resultados são promissores e têm lições a dar a outros países (Foto: Pixabay)

Com frequência, as escolas do Paquistão atraem a atenção do mundo pelas histórias de violência. Em outubro de 2012, um homem mascarado do movimento talibã do Paquistão entrou em um ônibus escolar e atirou em Malala Yousafzai na cabeça, pescoço e ombro. Dois anos e seis dias depois de Malala ter recebido o prêmio Nobel da Paz, terroristas do mesmo grupo mataram 141 pessoas, na maioria alunos, em uma escola administrada pelo exército em Peshawar, em um dos ataques mais violentos a escolas já registrados.

De acordo com a Global Terrorism Database da Universidade de Maryland, 867 escolas foram atacadas por grupos islâmicos radicais entre 2007 e 2015, muitas vezes porque tinham a ousadia de ensinar ciência, ou ainda pior, aceitar meninas como alunas.

Esses ataques agravaram os problemas que as escolas no Paquistão, o sexto país mais populoso do mundo, compartilham com outros países em desenvolvimento, como currículos medíocres, evasão escolar, em especial de meninas, e um ensino fraquíssimo. Mas apesar dos problemas da violência e pobreza o Paquistão está fazendo uma revolução no sistema educacional do país.

Diante de um ensino deficiente nas escolas públicas, muitos pais começaram a matricular os filhos em escolas particulares de baixo custo. Na província de Punjab o número dessas escolas aumentou de 32 mil em 1990 para 60 mil em 2016.

Há pouco tempo, os formuladores de políticas públicas começaram a usar essas escolas particulares para oferecer ensino financiado pelo governo. Hoje, o Paquistão tem um dos maiores sistemas de ensino do mundo, com a terceirização de mais escolas financiadas pelo governo do que qualquer outro país em desenvolvimento. No final deste ano, 10 mil escolas públicas em Punjab, cerca do número total de colégios da Califórnia, serão administradas por empresários ou organizações beneficentes. Embora outras províncias não possam acompanhar o ritmo de Punjab, que concentra 53% da população do Paquistão, Sindh e Khyber Pakhtunkhwa estão fazendo reformas semelhantes em menor escala.

Os resultados são promissores e têm lições a dar a outros países. Uma delas é o sucesso da parceria entre o setor público e privado na melhoria do ensino e na redução de custos. Um artigo publicado em agosto pelo Banco Mundial mostrou que os subsídios oferecidos pelo governo a empresários locais para abrir escolas em 199 vilarejos resultou em um aumento de 30% no ingresso de crianças de seis a dez anos e melhorou os resultados dos exames. Escolas melhores também levaram os pais a incentivar os filhos a se formarem em medicina e não trabalhar como vigilantes, e as filhas a serem professoras, em vez de donas de casa.

Outra nova pesquisa sugeriu que os formuladores de políticas públicas também podem corrigir deficiências em escolas privadas de baixo custo, com medidas simples. Por exemplo, oferecendo informações mais detalhadas aos pais sobre o desempenho escolar dos filhos com o envio de boletins, além de criar uma linha de crédito para facilitar a obtenção de empréstimos, a fim de expandir as escolas existentes e criar novas.

Na reforma do sistema educacional o governo do Paquistão tem uma importante contribuição a dar a outros países, com a eliminação da indicação política de profissionais para ocupar cargos no setor público ou privado. O ministro-chefe de Punjab, Shahbaz Sharif, contratou novos professores por mérito, e não por favoritismo político.

Segundo Sir Michael Barber, ex-conselheiro do governo britânico e atual assessor do governo do Punjab, os critérios de escolha de profissionais baseados em competência, merecimento e honestidade transformariam os serviços públicos, em geral inoperantes de países em desenvolvimento, em serviços eficazes que promoveriam o desenvolvimento local.The Economist

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