HIPOCONDRIA

Boom da internet deixa transtorno da hipocondria mais visível

EFE/Alex Cruz

O transtorno da hipocondria, que consiste em estar convencido de que sofre uma doença grave por uma má interpretação dos sintomas, se transformou em uma doença cada vez mais visível, entre outros fatores, pelo boom da internet.

“A hipocondria pode ser definida como um transtorno psiquiátrico que se caracteriza por uma preocupação excessiva de sofrer, ou vir a sofrer, uma doença grave”, disse à Agência Efe a psiquiatra Cristina Lóyzaga.

Apesar de ser um transtorno conhecido há muitos anos, a especialista considera que o boom da internet o tornou mais visível.

“Antes da internet, a busca por informação era realizada em bibliotecas, livros e consultas médicas. Agora, as pessoas acessam informação de um computador, mas os pacientes não têm os elementos teóricos nem o julgamento clínico para interpretá-la”, ressaltou Lóyzaga.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos dois de cada dez indivíduos com transtorno de ansiedade por doença decidem se automedicar, segundo os resultados de suas pesquisas na internet, o que pode ter graves consequências na saúde.

As pessoas que sofrem desse transtorno se sentem doentes o tempo todo, têm pensamentos fatalistas sobre sua saúde e investem tempo e dinheiro em tratamentos.

“Com este tipo de pensamento, surgem outras ideias como, por exemplo, ter uma doença que ninguém consegue diagnosticar, sofrer um infarto e ninguém ajudar, além do medo da própria morte”, explicou a especialista.

Lóyzaga, que é especialista do Instituto Nacional de Psiquiatria Ramón de la Fuente Muñiz (INPRF) no México, detalhou que quem sofre de hipocondria – geralmente pessoas entre 20 e 40 anos – apresenta uma tensão que os faz buscar algum tipo de superproteção.

“Se a pessoa detectou uma taquicardia, uma erupção na pele ou algo parecido, ela irá revisar continuamente a pele, a pressão arterial e a temperatura corporal várias vezes por dia”, indicou a especialista.

O principal problema com este transtorno é a dificuldade de diagnóstico, já que existe grande ignorância no âmbito médico e, em média, um paciente no México leva sete anos para ser diagnosticado.

“Os próprios médicos chegam a pensar que o paciente é hipocondríaco, pois abusa de sua preocupação e chega a ser irritante, mas não lhe oferecem psicoeducação, informação adequada para explicar que o mesmo precisa de atendimento especializado”, comentou a especialista.

Além disso, Lóyzaga detalhou que, com frequência, os pacientes caem em mãos de profissionais da saúde que os submetem a exames de laboratório, e até cirúrgicos, “mesmo sabendo que a pessoa não tem nada”.

O grave problema, segundo a especialista, são os danos colaterais que o transtorno pode trazer não só para saúde dos pacientes, mas para sua vida cotidiana.

“O problema é que há uma doença real, mas esta é mental. A pessoa tem muita ansiedade, o que provoca uma deterioração em seu funcionamento global, ocupa mais tempo e dinheiro, o que leva a uma disfunção em seu trabalho, estudo, desempenho social, e até no casamento”, garantiu a especialista.

Lóyzaga relatou que há uma paciente no INPRF que, há mais de 30 anos, tem a ideia de que possui um problema intestinal.

“Ela toma medicamento todos os dias para poder evacuar, o que gerou mudanças físicas muito graves, a família está tão envolvida e adaptada com ela na compra de medicamentos e na busca de atendimento médico que é difícil conter o problema”, afirmou Lóyzaga.

Por isso, a especialista ressaltou que é muito importante tratar o transtorno de maneira precoce e adequada e ressaltou que é bastante necessário evitar o autodiagnostico através da internet e, sobretudo, não se automedicar.

“O mais adequado é procurar um psiquiatra, pois o transtorno requer uma abordagem integral que trabalhe tanto o aspecto farmacológico como o terapêutico”, concluiu a especialista.EFE

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