JOGOS DE INVERNO

Competição ao estilo russo

Bandeira russa foi substituída por uma bandeira olímpica (Foto: Reuters/Cathal McNaughton)

A Rússia liderou a mesa de medalhas nas Olimpíadas de Inverno de 2014, que ocorreu em Sochi. No entanto, não vai acontecer o mesmo nos jogos em Pyeongchang, na Coreia do Sul, que começaram na última sexta-feira, 9. Em dezembro, o Comitê Olímpico Internacional (COI), o órgão de governo das Olimpíadas, proibiu a Rússia de enviar uma equipe para a Coreia do Sul.

Foi a primeira vez que o COI tomou tal atitude no que diz respeito ao doping. Graças a um acordo de compromisso, alguns atletas russos ainda ganharão medalhas, mas apenas se tiverem comprovado que são “limpos”, pois foram convidados a fazer parte de uma equipe neutra, sendo conhecidos como Atletas Olímpicos da Rússia (OAR). O hino olímpico será tocado durante suas cerimônias de medalhas. O número de atletas na equipe OAR, provavelmente em torno de 170, permanece em debate.

A existência de regimes de doping patrocinados pelo Estado no bloco soviético durante a década de 1970 e 1980 é amplamente aceita. Mas agora parece que a Rússia continuou a prática mais recentemente – mais notoriamente nos jogos de Sochi. Um relatório encomendado pela Agência Mundial Antidoping informou, em 2016, que mais de mil atletas russos se beneficiaram do programa, que teria sido conduzido pelo Ministério dos Esportes e os serviços de inteligência.

O denunciante russo, Grigory Rodchenkov, que dirigiu a agência antidoping de seu país por uma década, sugeriu que o programa havia sido refinado para que ele funcionasse como um “relógio suíço”. Ele disse que o modus operandi russo envolveu uma sala secreta dentro do prédio de testes oficiais, onde as amostras de urina positivas de seus atletas foram trocados com amostras limpas coletadas anteriormente.

Apesar dos métodos engenhosos, algumas das amostras tinham problemas. Verificou-se que duas amostras femininas incluíam DNA masculino. Várias garrafas mostraram sinais de adulteração. À medida que os detalhes surgiram durante o período das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, o COI minou a responsabilidade, permitindo que federações esportivas internacionais individuais decidissem se os atletas russos podiam competir.

Somente atletismo e levantamento de peso determinaram proibições completas, e a Rússia acreditou que teria escapado de uma punição mais dura. Ao proibir a Rússia de enviar uma equipe oficial para os jogos de Pyeongchang, o COI pareceu redescobrir algum senso de autoridade justa. No entanto, em 1º de fevereiro, o Tribunal de Arbitragem para o Desporto (CAS), um tribunal que lida com todo tipo de controvérsias esportivas, derrubou as proibições olímpicas de um grupo de atletas e treinadores russos, citando evidências insuficientes de doping em 28 dos 39 casos.

Isso não foi o fim. Quatro dias depois, o COI recusou os pedidos de 15 dos 28 atletas investigados pelo CAS, alegando que ainda não estava convencido de que eles estavam limpos. Após a farsa no Rio, o Comitê está desesperado por parecer mais rigoroso nos casos de doping. Mas, ao contrário dos atletas, pode parecer que o COI não pode vencer. O movimento olímpico está lutando graças às demandas exorbitantes feitas pelas cidades que estão recebendo os jogos, boatos persistentes de corrupção nos processos de premiação e as suspeitas sobre a integridade dos esportes de primeira linha. O COI precisa desesperadamente do foco de Pyeongchang. A crítica não tem sido gentil.The Economist

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