XENOFOBIA ITALIANA

Eleição italiana entra na questão racial

Berlusconi disse que imigrantes são uma 'bomba social' (Foto: Wikimedia)

A ideia que o ex-primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, pudesse conter o radicalismo de seus aliados de extrema-direita, que disputam as eleições gerais na Itália em 4 de março, dissipou-se na primeira semana de fevereiro ao reagir à notícia de um crime cometido por motivos raciais, com o comentário de que os imigrantes ilegais eram uma “bomba social”.

A observação de Berlusconi, líder do partido Força Itália, referiu-se aos tiros em 3 de fevereiro na cidade de Macerata, no centro-leste da Itália, que feriram seis imigrantes africanos, um deles gravemente. Um homem de 28 anos, Luca Traini, entregou-se após a série de tiros. Ele disse à polícia que estava vingando a morte de uma mulher, cujo corpo esquartejado havia sido encontrado perto de Macerata, em 31 de janeiro. Um nigeriano tinha sido preso por suspeita de seu assassinato.

Antes Matteo Salvini, líder da Liga Norte, dissera que, se fosse eleito primeiro-ministro, seu governo repatriaria qualquer pessoa sem autorização de residência envolvida em tráfico de drogas. Mas Berlusconi foi mais radical em sua xenofobia, ao dizer que dos 630 mil imigrantes na Itália, só 5% tinham direito à residência como refugiados. “Os outros são uma bomba social pronta a explodir”, observou em uma entrevista em um dos três canais de televisão em que tem participação acionária. “Eles vivem à custa de atos escusos ou de atividades criminosas.”

Os tiros em uma cidade provinciana tranquila ocorreram em meio a um contexto de crescente preocupação popular com a imigração ilegal. Uma pesquisa realizada pelo jornal La Repubblica no final de janeiro, revelou que 40% dos entrevistados achavam que os imigrantes representavam “um perigo para a ordem pública e a segurança pessoal”. Desde o final de 2015, os controles rigorosos das fronteiras impostos pela França e pela Áustria forçaram os migrantes a permanecer na Itália, em vez de seguirem para outros países europeus, como antes.

Não se sabe qual será o efeito da agressão aos imigrantes africanos nas eleições. Porém, o crime cometido por Traini chamou a atenção para o extremismo de alguns partidários da Liga Norte. A polícia encontrou um material com um conteúdo de extrema-direita e um exemplar da autobiografia de Adolf Hitler, Minha luta, em sua casa.

A Liga e a Força Itália estão disputando as eleições em uma coalizão com um grupo pequeno, os Irmãos de Itália (FdI), cujos membros de origem neofacista são ainda mais radicais. Em uma Itália com uma alta taxa de desemprego entre os jovens e um fraco crescimento econômico, os partidos de extrema-direita e os populistas como o Movimento Cinco Estrelas têm uma retórica que mobiliza os eleitores. As alternativas políticas para o país não são promissoras.The Economist

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