REDES SOCIAIS

Facebook será reformulado após controvérsias

Os usuários estão passando cerca de 50 milhões de horas a menos por dia no Facebook (Foto: Pexels)

No início, o Facebook usava o lema “mexa-se rápido e quebre padrões” para descrever sua estratégia de inovação. Hoje, o novo lema é “mexa-se devagar e tente não quebrar nada”. No ano passado, o Facebook envolveu-se em uma série de controvérsias, entre as quais acusações de ter ajudado a divulgar notícias falsas, de ter, involuntariamente, permitido que internautas russos influenciassem seus usuários nas eleições presidenciais de 2016, e de incentivar a polarização política. Após negar as acusações, o CEO da empresa, Mark Zuckerberg, anunciou que iria “reformular” o Facebook em 2018.

Em 16 de fevereiro, o procurador especial Robert Mueller acusou 13 russos de conspiração e fraude por interferirem nas eleições de 2016 nos EUA. O Facebook foi citado 35 vezes como uma rede social onde os internautas russos criavam perfis falsos, postavam propagandas políticas e mensagens, que favoreciam o candidato Donald Trump.

A acusação de Mueller mostra que o Facebook não foi transparente ao informar a extensão da ingerência russa em sua plataforma. No ano passado, os executivos da empresa disseram que as mensagens haviam sido recebidas por cerca de 130 milhões de usuários e que os internautas russos tinham gastado apenas US$ 100 mil em publicidade durante as eleições de 2016. A Internet Research Agency, com sede em São Petersburgo, descrita na denúncia de Mueller como o foco da interferência, tem um orçamento anual de aproximadamente US$ 70 milhões e investiu grandes somas em anúncios e em marketing de conteúdo no Facebook.

Os políticos americanos podem pressionar a empresa a dar mais informações e pedir que seus executivos compareçam de novo ao Congresso para prestar testemunho, sobretudo, diante do receio de uma nova intromissão russa nas próximas eleições deste ano e de 2020.

As controvérsias em torno da interferência russa, notícias falsas e discurso de ódio ainda não prejudicaram as receitas de publicidade do Facebook. A abordagem de Zuckerberg para reformular a estratégia da empresa tem focado em examinar o que os usuários veem, dando prioridade a “interação” entre eles, em vez de leitura de “conteúdo”.

No mês passado, o Facebook anunciou uma diminuição no número de usuários ativos diários nos EUA e no Canadá pela primeira vez desde a sua criação e avaliou que, em termos globais, os usuários estavam passando cerca de 50 milhões de horas a menos por dia no Facebook.

Nos EUA, o Facebook está perdendo usuários com menos de 25 anos. Os jovens preferem usar outros aplicativos, como Snapchat e Instagram, que seus pais e avós usam menos e, assim, não correm tanto o risco de serem vigiados. Apesar do grande número de usuários do Instagram e dos dois aplicativos de mensagens do Facebook, Messenger e WhatsApp, a plataforma do Facebook ainda é responsável por 85% da receita da empresa. Os americanos e os canadenses são seu público mais importante, com uma receita média por usuário de US$ 86, quatro vezes mais do que a média global. Ao longo do tempo, a redução do número de usuários pode implicar na perda de anunciantes.

No entanto, a maioria dos analistas e investidores ainda aposta nas perspectivas futuras do Facebook, que com um valor de mercado de US$ 521 bilhões é a sexta maior empresa de capital aberto do mundo. Mas é possível que estejam subestimando alguns dos riscos que a empresa enfrenta.

Em primeiro lugar, para uma empresa cujo discurso de vendas para os anunciantes destaca sua precisão, segmentação e transparência superiores aos meios de comunicação tradicionais, inclusive a televisão, surpreende que tenha tido dificuldade em rastrear o movimento do dinheiro de anúncios publicitários e de conteúdo dos internautas russos.

Os custos operacionais do Facebook estão crescendo significativamente. Em 2018, as despesas deverão aumentar para US$ 23 bilhões, enquanto a receita bruta crescerá em torno de US$ 54 bilhões, de acordo com o banco de investimentos BMO Capital Markets. Hoje, o Facebook tem 14 mil funcionários que supervisionam as operações de segurança e de cumprimento das normas legais e dos regulamentos, o dobro do número do ano passado. É provável que esse número aumente, com a exigência de muitos países que as redes sociais retirem conteúdo censurável de suas páginas.

Por fim, seu maior desafio são as novas regulamentações referentes à privacidade. As agências reguladoras podem impor novos acordos e restrições ao compartilhamento de dados entre os vários aplicativos do Facebook. Além disso, a lei General Data Protection Regulation, que entrará em vigor na Europa em maio, exigirá que as empresas tenham pleno consentimento dos usuários para rastreá-los na internet e compartilhar seus dados. A nova lei afetará alguns dos produtos do Facebook, como a ferramenta que permite que os anunciantes encontrem seus clientes na rede social. Zuckerberg tem um difícil trabalho à sua frente.The Economist

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A surpreendente cratera de Xico

Por que não enxergamos estrelas verdes ou roxas?

Egípcia posa nua em blog e provoca indignação