ISRAEL EMBAIXADA

Paraguai inaugura embaixada em Jerusalém

Não se sabe o que levou o Paraguai a seguir ao exemplo americano (Foto: Twitter/Horacio Cartes)

O Paraguai inaugurou nesta segunda-feira, 21, sua embaixada em Jerusalém. A medida fez do país o segundo a seguir os passos dos Estados Unidos e transferir sua embaixada em Israel de Tel Aviv para a cidade. Na semana passada, a Guatemala também consolidou a transferência de sua embaixada. As informações são da agência Reuters.

A inauguração contou com uma cerimônia na qual estiveram presentes o presidente do Paraguai, Horacio Cartes, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

“A decisão concretiza outro acontecimento histórico em nossos vigorosos laços de amizade, que coincide com a comemoração da criação do Estado de Israel, que meu país acompanhou nas Nações Unidas, decidida e decisivamente, há 70 anos”, disse Cartes, em discurso na cerimônia.

A declaração foi recebida com satisfação por Netanyahu, que respondeu lembrando os antigos laços entre os dois países. “Este é um grande dia para Israel, um grande dia para o Paraguai, um grande dia para a nossa amizade. Vocês fizeram muito pelo seu país e agora estão fazendo muito por nossos países. Nós lembramos de nossos amigos. Obrigado Horacio, obrigado Paraguai”, disse o primeiro-ministro israelense, que também lembrou que o Paraguai ajudou muitos judeus durante o Holocausto.

A medida, no entanto, foi condenada por Hanan Ashrawi, que integra o Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). “Ao adotar uma decisão provocativa e irresponsável, em direta contravenção ao consenso e às leis internacionais, o Paraguai conspira com Israel, EUA e Guatemala para consolidar a ocupação militar e selar o destino da Jerusalém ocupada”, disse Ashrawi, em um comunicado.

O status de Jerusalém é um dos pontos mais nevrálgicos na negociação de paz entre Israel e Palestina. Com amplo apoio da comunidade internacional, os palestinos demandam Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado. Porém, durante a Guerra dos Seis Dias (1967), a região foi capturada por Israel, que considera toda a cidade como capital de seu país.

Em 6 de dezembro do ano passado, sob fortes críticas da comunidade internacional, incluindo o Brasil, o presidente americano, Donald Trump, decidiu consolidar a lei aprovada em 1995, pelo Congresso americano, que determinava a transferência da embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.

Na prática, a medida expressa que o governo americano apoia a retórica de Israel e reconhece a cidade como capital do país. Antes de Trump, todos os ex-presidentes americanos haviam se recusado a assinar a lei, recorrendo ao adiamento para proteger os interesses dos EUA.

Dias após o anúncio de Trump, a Guatemala declarou que iria seguir o exemplo americano e transferir sua embaixada para Jerusalém. Dois fatores podem ter contribuído para a medida.

O primeiro foi a aprovação de uma resolução na ONU que condenou o reconhecimento por parte dos EUA de Jerusalém como capital de Israel. A resolução foi aprovada com o apoio de 128 países, o que irritou Trump. Diante das críticas, o presidente americano ameaçou cortar a ajuda financeira dos EUA aos países que votaram a favor da resolução.

O corte teria um forte impacto na Guatemala, que, segundo a USAID (agência de cooperação internacional dos EUA), somente em 2016 recebeu cerca de US$ 297 milhões (R$ 991 milhões) em ajuda dos EUA.

O segundo fator que pode ter contribuído para a transferência é a influente comunidade judaica da Guatemala e igrejas evangélicas do país simpáticas à causa de Israel, além dos fortes laços de Israel com a Guatemala, segundo país após os EUA a reconhecer o Estado de Israel na ONU.

Não se sabe, porém, o que levou o Paraguai a seguir os passos dos EUA. Em entrevista ao Guardian, Christopher Sabatini, especialista em política externa da América Latina da Universidade de Columbia, lembrou que a medida não beneficia o Paraguai. Primeiro, porque a ajuda financeira dos EUA ao Paraguai vem declinando nos últimos anos. Além disso, a transferência ameaça gerar indignação na forte comunidade libanesa do país, que se concentra na Tríplice Fronteira com Brasil e Argentina e é contra a medida. “Da mesma forma que a Guatemala, é uma clara maneira de agradar os EUA. Não está claro o que o Paraguai ganha com a medida”, disse Sabatini.

Já um euro-diplomata alocado em Assunção, disse ao Guardian, em condição de anonimato, que a medida pode ser de cunho pessoal. “Eu acho que isso é muito pessoal para Cartes e tem mais a ver com seus próprios laços com Israel e Netanyahu. Os EUA providenciaram mais a cobertura mais do que o motivo”, disse a fonte.

Em julho de 2016, Cartes se tornou o primeiro presidente paraguaio a visitar Israel. Durante a visita, ele declarou que o Paraguai também viveu seu Holocausto, durante a Guerra do Paraguai, o mais sangrento episódio da história do Brasil.

“O Paraguai teve um Holocausto. Perdemos praticamente toda nossa população em uma guerra com nossos vizinhos. Mas eu não quero ser o país a ser lembrado porque nós tivemos um Holocausto. Quero que nossos países se aproximem porque compartilhamos princípios e valores”, disse Cartes na ocasião.

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