SAÚDE MENTAL

Manter uma rotina pode melhorar saúde mental

A nova pesquisa se destaca pelo seu método de estudo e a quantidade de pessoas observadas (Foto: The People Speak!/Flickr)

O mundo enfrenta um crescimento de doenças relacionadas à mente, como depressão e ansiedade. No entanto, um novo estudo, publicado na revista The Lancet Psychiatry, sugere que manter uma rotina diária pode ter grandes benefícios para a saúde mental.

Isso porque, ao manter uma rotina, o seu ciclo circadiano – uma espécie de relógio interno que controla as funções biológicas – funciona de forma mais saudável, com o seu corpo sabendo o momento certo de realizar cada afazer. O ciclo circadiano, também conhecido como ritmo circadiano, é controlado pelo hipotálamo, que ajuda a regular uma série de funções comportamentais e fisiológicas.

O estudo observou mais de 91 mil adultos no Reino Unido, com idades entre 37 e 73 anos, por um período de sete dias, entre os anos de 2013 e 2014. Além disso, para medir o humor e o funcionamento cognitivo, os participantes da pesquisa preencheram um questionário online, entre os anos de 2016 e 2017.

“É amplamente conhecido que uma boa noite de sono é uma coisa boa para o bem-estar e saúde. Isso não é uma grande surpresa. Mas eu acho que o que é menos conhecido, e o que sai deste trabalho, é que não apenas uma boa noite de sono é importante, mas ter um ritmo regular de estar ativo à luz do dia e inativo na escuridão ao longo do tempo é importante para o bem-estar mental”, explicou Daniel Smith, um dos autores do estudo e professor de psiquiatria da Universidade de Glasgow, em entrevista à rede CNN.

A nova pesquisa parece reforçar um estudo de 2009, publicado na NCBI, que mostrou que homens que trabalham durante a noite estão mais propensos a desenvolverem depressão do que as pessoas que trabalham durante o dia. Segundo Smith, até mesmo as luzes artificiais, típicas de cidades, podem atrapalhar o ritmo circadiano de um individuo, o que pode resultar em uma decadência da saúde mental.

“Até 2030, dois terços da população mundial viverão nas cidades, e sabemos que viver em um ambiente urbano pode ser muito tóxico para o sistema circadiano por causa de toda a luz artificial a que você está exposto. Então, precisamos pensar em maneiras de ajudar as pessoas a sintonizar seus ritmos naturais de atividade e dormir com mais eficiência. Espero que isso proteja muitas pessoas dos distúrbios de humor”, afirmou o pesquisador.

De acordo com Smith, uma estratégia que pode ser adotada é evitar o uso de celulares durante a noite devido a sua luz artificial. Além disso, manter uma rotina durante o dia, com a realização das atividades, pode auxiliar para que a pessoa tenha uma boa noite de sono e o ciclo circadiano funcione de maneira correta.

Apesar da grande quantidade de pessoas observadas, o estudo não foca nas pessoas mais jovens – a menor idade registrada foi a de 37 anos. Segundo Smith, os ciclos circadianos mudam ao longo da vida, com o ritmo dos mais jovens sendo diferentes dos mais velhos. “Minha suspeita é que poderíamos observar ainda mais efeitos em amostras mais jovens, mas isso ainda não foi feito, que eu saiba”.

A nova pesquisa, publicada na última terça-feira, 15, se destaca devido ao seu método de estudo e a quantidade de pessoas observadas. Segundo Aiden Doherty, pesquisador sênior da Universidade de Oxford, que não esteve envolvido no estudo, pesquisas anteriores eram pequenas e usavam como método o autorrelato – quando os pesquisadores perguntam aos participantes sobre os seus hábitos.

“Este estudo é a primeira investigação em larga escala da associação de ritmicidade circadiana objetivamente mensurada com vários resultados de saúde mental, bem-estar, personalidade e cognitivos, com um tamanho de amostra sem precedentes de mais de 90 mil participantes”, destacou Doherty à rede CNN.

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