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Vietnamitas constroem casas flutuantes para suportar frequentes inundações

EFE/Eric San Juan

Engenhosas casas flutuantes construídas sobre barris vazios permitem aos moradores da aldeia de Tan Hoa, no centro do Vietnã, suportar as frequentes inundações durante vários dias sem arriscar suas vidas.

As 88 famílias que vivem na aldeia começaram a construir, em 2010, depois de sofrer as mais terríveis inundações de que estão lembrados: a cidade inteira foi inundada por quase uma semana, onde os moradores perderam tudo.

"A água subiu sete ou oito metros, não dava para ver os telhados das casas, nem mesmo a partir do céu. Tivermos que se refugiar na montanha durante cinco dias, sem água potável e acabou morrendo todo o gado", afirmou à Agência Efe, a moradora Dinh Thi Thanh Binh, de 42 anos.

Ela e sua família construíram há dois anos sua casa flutuante de 23 m2 junto ao seu imóvel habitual por cerca de 25 milhões de dongs (cerca de US$ 1,1 mil), embora o preço possa aumentar para 100 milhões de dongs (cerca de US$ 4,4 mil) em função do tamanho, os materiais utilizados e a mão de obra requerida.

"Quando vemos que chove muito e pode transbordar o rio, levamos comida, televisão, geladeira e outros objetos valiosos e esperamos que desça o nível da água", disse Binh.

Sentada sobre uma dezena de barris metálicos vazios, com paredes e telhado de chapa, a pequena casa está ancorada a quatro postes de concreto nos cantos, permitindo que ela flutue sem ser submetida aos caprichos da correnteza.

"Não é diferente do que andar em um barco, apenas quase não se move. A única diferença que notamos é que não podemos sair, pois estamos rodeados de água", explicou a moradora.

Localizada em um vale espremido entre montanhas que dificultam a saída da água durante as enchentes, a cidade sempre foi propensa a inundações na temporada de chuvas, mas nem os mais antigos da região se lembram de um desastre como o ocorrido em 2010.

"Em 2016 tivemos inundações muito fortes. Acho que é a mudança climática, agora faz muito mais calor na temporada seca e as chuvas são mais fortes e duram mais tempo que antes, sofremos muito mais inundações. Antes eram sempre em julho ou agosto, agora não sabemos quando esperá-las", assegurou a vietnamita.

Enquanto famílias com uma situação econômica conseguem algo mais confortável, como a de Binh, puderam custear sua própria residência e projetam uma segunda para as galinhas, porcos e búfalos, outras se beneficiaram da arrecadação de fundos da agência de viagens Oxalis, que financiou 30 casas, e da ONG Flood Resistant Houses.

Nos últimos anos, várias organizações e estúdios de arquitetura propuseram projetos similares em zonas propensas a inundações, como o delta do rio Mekong, ao sul do país, mas em nenhum lugar se espalharam tanto como em Tan Hoa.

"Nesta cidade há duas ou três famílias que ainda não têm uma casa flutuante. Minha mãe recebeu a sua em fevereiro, até agora usava a dos vizinhos", disse Tran Thi Lieu, de 34 anos.

Assim como outros moradores, Lieu e sua família levam um ano construindo a nova cabana sobre barris, de um tamanho maior, para salvar o gado.

"O problema é que são caras. A primeira foi financiada pela Oxalis e há um ano estamos fazendo uma nova que nos vai a custar uns 100 milhões de dong (cerca de US$ 4,4 mil), pois usamos boa madeira e metal. Mas vale a pena, fazem com que nossa vida melhore muito", disse Lieu.Eric San Juan/EFE

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